Valha-nos Sant’Antoninho!
Desenho Humorístico, de Rafael Bordalo Pinheiro a João Abel Manta
Santo António, figura popular e facilmente reconhecível, foi utilizado no humor gráfico publicado nos jornais, sobretudo no mês de junho.
Salienta-se o notável risco de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) que fez aparecer a icónica personagem do Zé Povinho durante as festas lisboetas de 1875, em honra do santo. Foi a coincidência do nome próprio do chefe do governo monárquico António M. Fontes Pereira de Melo que provocou a escolha de Rafael Bordalo, repetindo-a inúmeras vezes.
O “trono” e o peditório, o manjerico e o cravo com quadra - já registado em 1881, por Rafael Bordalo - a fogueira para saltar e queimar a alcachofra são motores de caricatura e cartoon. Ainda, a corda ao pescoço da imagem ou a oferta de dinheiro ao santo são formas de culto que resultaram em forte humor bordaliano. Em 1895, por ocasião do VII Centenário de Santo Antonio, multiplicaram-se as páginas de sátira, já com muita colaboração do filho Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920). No início do século XX, junta-se-lhes o desenho atualizado de Celso Hermínio (1871-1904) fazendo crítica de costumes às práticas alfacinhas em junho.
Também as tentações e os milagres do santo serviram de metáfora à crítica política e social, sobretudo o da bilha quebrada e o sermão aos peixes, pelo traço divertido de artistas como o bordaliano Francisco Valença (1882-1963), o moderno e muito popular Stuart Carvalhais (1887-1961), o D. Fuas (pseudónimo de Luís de Carvalho Cunha 1889-194?) e o cronista gráfico Carlos Botelho (1899 -1982), dando “eco da semana”.
Os anos da ditadura republicana de António Salazar ficaram registados no humor acutilante de João Abel Manta (1928), através de tronos emblemáticos…
Pedro Bebiano Braga
Santo António no humor, na sátira e na crítica social

































































